Agronegócio dá fôlego ao consumo no interior de Santa Catarina

O bom desempenho do agronegócio, principal responsável pelo crescimento do PIB brasileiro no primeiro trimestre após dois anos de queda, tem aumentado a confiança dos consumidores e irrigado a economia de Estados agrícolas, como é o caso de Santa Catarina.

Fonte: Diário Catarinense

Por aqui, além do valor das exportações de proteína de aves e suínos ter crescido, a colheita de grãos deve ser 14% maior que a anterior, conforme dados da Epagri, levando-se em conta as principais culturas: milho, soja e arroz. No país, o incremento da safra é estimado em 25,6%, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o que deve injetar R$ 180 bilhões na economia.

Um dos termômetros do aumento da confiança do consumidor por conta do setor agropecuário é um levantamento feito pelo Googlenos primeiros quatro meses de 2017. O estudo revela que nas unidades da federação onde a produção agrícola tem peso importante na economia as buscas na internet por produtos e serviços aumentaram em relação ao ano passado e cresceram mais quando comparadas a Estados não produtores.

Entre os catarinenses, as pesquisas por internet móvel, por exemplo, cresceram 32% nos primeiros quatro meses deste ano no paralelo com o mesmo período de 2016, enquanto no restante do país o incremento foi de apenas 2%. Outros exemplos são as buscas por veículos do tipo SUV. com aumento de 55% em SC ante 39% na média brasileira, ou por cruzeiros, que registraram avanço de 4% por aqui e encolheram 5% no país. Esse cenário é o mesmo nos outros nove Estados com os maiores valores de produção agrícola, entre eles Mato Grosso, Rio Grande do Sul,. Maranhão e Bahia.

É evidente que nem todas as pesquisas na internet resultam em compra, mas cruzamentos de dados mostram que este é um indicador que antecipa movimentações da economia.

— Percebemos uma antecipação da movimentos. Quando vamos comprar um carro novo por exemplo, pesquisamos preços na internet. Quando se cruza os números de pesquisa por carros e de emplacamentos, isso fica claro – explica o gerente de Insights do Google, Carlos Calderón, responsável pelo levantamento.

O gerente do Centro de Sócioeconomia e Planejamento Agrícola (Cepa) da Epagri, Reney Dorow, afirma que a relação entre boa safra e aumento do consumo é percebida historicamente.

— Isso é muito fácil de notar. Quando as culturas são afetadas pela chuva , por exemplo, esses municípios sofrem uma depressão. Foi o caso de Ituporanga agora com o problema da cebola. E quando há uma combinação de boa safra e bom preço, todo mundo lucra, inclusive o município que arrecada mais ISS (Imposto Sobre Serviços) – explica Dorow.

Em Santa Catarina, vale dizer, não é só a safra que conta: a agroindústria tem grande peso na economia. E a região Oeste do Estado, que concentra boa parte da indústria de alimentos, vive um cenário bem diferente da média. Em Chapecó, segundo a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), houve aumento no número de consultas ao Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), um indicativo de aumento de consumo, sendo que maio foi o mês com a maior alta: 18,10% mais consultas que em 2016.

A média estadual é bem diferente. De acordo com a FCDL, janeiro e março deste ano registraram recuos nos pedidos de informação, e o maior avanço, em abril, foi de apenas 1,8%.

Para o presidente da CDL de Chapecó, Clóvis Spohr, a confiança do consumidor melhorou neste ano, e muito se deve ao agronegócio:

— A gente tem percebido uma melhora no consumo e na intenção do consumo, há um pequeno otimismo em relação ao ano anterior. Isso tem a ver com a nossa região, que ela tem essa parte agrícola, tem agroindústria. Mas não podemos deixar de lembrar do saque do FGTS, que também conta – avalia.

A geração de empregos, outro componente fundamental do cenário econômico, também revela disparidades entre as regiões do Estado. Enquanto os maiores municípios do Oeste acumulam saldo positivo na criação de vagas de janeiro a maio, como é o caso de Chapecó (criação de 1384 postos de trabalho) e Concórdia (568), Florianópolis e Balneário Camboriú, mais dependentes de comércio e serviços, perderam empregos: 3.966 e 1.354, respectivamente, conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

— No Oeste não se fala em crise – resumiu o presidente da Federação das Indústrias de SC (Fiesc), Glauco José Corte, ao voltar de uma viagem a Chapecó há duas semanas.

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