Valor captado em banco europeu pode financiar projetos de energia renovável e mobilidade urbana
O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo-Sul (BRDE) assinou nesta terça-feira (27), em Porto Alegre, um contrato de empréstimo com o Banco Europeu de Desenvolvimento (BEI) para a captação de 80 milhões de euros (em torno de R$ 350 milhões na conversão), que poderão ser revertidos em projetos no Sul. O montante poderá financiar iniciativas envolvendo energia renovável e eficiência energética, além de melhorias em mobilidade urbana. Depois da assinatura feita em conjunto com a governadora paranaense Cida Borghetti, em Curitiba, na segunda-feira (26) os executivos do banco estão fazendo uma série de eventos para a formalização do contrato. Após Porto Alegre, a próxima parada será em Florianópolis, na quinta-feira (29), com a presença do governador Eduardo Pinho Moreira.
Entre os itens financiáveis estão pequenas centrais de hidrelétricas de passagem, projetos de iluminação pública em áreas urbanas e substituição de frotas de ônibus. Apesar de não haver preferência de estados ou municípios, as capitais estão demonstrando interesse nesse tipo de aporte, segundo Luiz Corrêa Noronha (na foto, à esquerda), diretor financeiro do BRDE. “Ainda assim, a ideia é que a maior parte do dinheiro seja consumida em PCHs e energias renováveis para os municípios”, afirmou. O prazo de carência vai até 2021. Em tese, cada estado do Sul pode resgatar 26,6 milhões de euros (cerca de R$ 117 milhões, no câmbio atual), mas esse valor pode ser maior, visto que o empréstimo é concedido por ordem de chegada. “Se algum estado avançar em relação aos outros, negociamos com outras linhas de crédito para garantir que o dinheiro seja utilizado”, explicou Noronha.
Essa é a segunda parceria internacional realizada pelo BRDE em menos de um ano. Em março, o banco já havia firmado um acordo com a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), resultando na liberação de 50 milhões de euros, que já foram quase totalmente utilizados. “Quando chegamos ao banco, tinha-se um tabu [da instituição] em não ir em busca de fundings internacionais. Quebramos isso”, destacou Orlando Pessuti (na foto, ao centro), diretor-presidente do BRDE, que deixará o posto em fevereiro. A preocupação dos dirigentes do banco nos últimos meses era concluir rapidamente a negociação, iniciada em março. Além de deixar a União Europeia no ano que vem, o Reino Unido também deixará o BEI, implicando na revisão das operações executadas até setembro. Para garantir o valor, o BRDE encerrou a negociação ainda naquele mês, mas só pôde formalizar o empréstimo agora, após as eleições gerais.
A solenidade de assinatura do documento também contou, pela última vez, com a participação do governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori (na foto, à direita), que deixará o cargo em 1º de janeiro. Em discurso que relembrou as conquistas e o legado de seu período no governo, Sartori afirmou que o Tesouro Nacional repassou, em 2018, R$ 100 milhões de dívidas pregressas ao BRDE.
*Com reportagem de Italo Bertão Filho.
Fonte: Revista Amanhã